1. A ESCOLHA DAS CORES NÃO É MUITO BEM POR CAUSA DAS MATAS, DO OURO E DO CÉU.
O verde simboliza nossas florestas e matas. O amarelo, nossas riquezas e o ouro. O azul, nossas límpidos céus e o branco, a paz. Essa versão pode até ser um pós-conceito muito bom e poético. Mas a verdade é que as cores desse símbolo oficial da República Federativa do Brasil são apropriações da bandeira do império pintada por Debret.
Nosso verde é a cor símbolo da casa de Bragança, a de D. Pedro I. Já o amarelo refere-se a casa de Dona Leopoldina, arqui-duquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, a Casa de Habsburgo.
2. A PRIMEIRA VERSÃO DA BANDEIRA APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ERA INSPIRADA NA DOS EUA
Rui Barbosa, após a proclamação da República, propôs uma bandeira para esse novo país. E para isso, fez um bechmark com a ex-colônia mais bem sucedida em parâmetros republicanos e plagiou se inspirou na bandeira dos Estados Unidos. Ele só esqueceu que as listras na bandeira americana representavam as treze colônias Contudo, esse modelo foi utilizado por apenas quatro dias, de 15 a 19 de novembro de 1889.
A bandeira desenhada por Barbosa serviu de base para muitas bandeiras estaduais.
3. O MODELO ATUAL DA BANDEIRA DO BRASIL, ADOTADO EM 19 DE NOVEMBRO DE 1889, FOI CRIADA POR UM COLETIVO PEQUENO GRUPO.
Raimundo Teixeira Mendes, diretor de criação, é quem ganha os créditos por nossa bandeira. Juntamente com os também positivistas, Miguel Lemos e Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, ele projetou a bandeira como a conhecemos hoje. O desenho da esfera celeste é do pintor Décio Villares e a inserção da constelação do Cruzeiro do Sul foi indicação de Benjamin Constant.
4. TIRARAM O AMOR DE NOSSA BANDEIRA.
“Ordem e Progresso” escrito na bandeira é um lema de inspiração positivista. No entanto, o lema completo, criado por Augusto Comte, é: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”.
É proibido modificar as cores ou o lema da bandeira. Porém, dois projetos de lei, um no Senado e outro na Câmara tratam disso: o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugere retirar o lema “Ordem e Progresso” da bandeira até que o analfabetismo seja extinto no Brasil (PLS 137-2008). Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) propõe mudar o lema para “Amor, Ordem e Progresso” PL 2.179-2003), tendo por base a inspiração positivista original. Apesar dos projetos já serem da década passada, fiz uma consulta e ambos estão aguardando designação de relator. Sinceramente, não sei o que pensar disso e estou um pouco abismada.
5. O CÍRCULO AZUL CENTRAL É UMA IMAGEM DO CÉU NO RIO DE JANEIRO, ÀS 8 HORAS E 30 MINUTOS DO DIA 15 DE NOVEMBRO DE 1889.
O círculo azul na bandeira foi desenhado por Décio de forma a representar o céu carioca no momento da proclamação da República. Essa imagem é a que teríamos se estivéssemos, no entanto, no espaço observando o globo celeste. Ou seja, na bandeira as constelações estão invertidas em relação ao que vemos aqui da Terra.
Apesar da inspiração, o desenho contraria alguns aspectos astronômicos. Por exemplo, a Spica, a única estrela desenhada acima da faixa branca, de acordo com Teixeira Mendes em sua Apreciação Philosophica, publicada em 24 de novembro de 1889 no Diário Oficial, essa estrela está no hemisfério norte para quebrar a monotonia no desenho já que ela não poderia estar acima da faixa por ser pertencente a uma constelação do hemisfério sul. No entanto, de acordo com ele, e priorizando uma liberdade estética, apenas uma pequena variação na inclinação do plano transporta a estrela para qualquer um dos hemisférios. Assim, ela foi representada junto a faixa e simboliza o estado do Pará, cuja capital Belém, era considerada a mais setentrional do país. Além disso, o tamanho e distância entre as estrelas foi desenhado de forma a criar maior harmonia e não é uma fiel representação astronômica.