1. Antes de sair a campo
– Certifique-se de que sua credencial está válida e à mão. Alternativamente, esteja com sua identificação profissional (crachá da empresa ou similar).
– Pode ser útil alertar as autoridades de que sua organização de mídia planeja cobrir os protestos, se for apropriado e se isso não representar perigo para você. Ou tenha à mão o contato (preferencialmente, o celular) da pessoa responsável na empresa/veículo; quanto mais sênior, melhor (editor, chefe de reportagem etc.)
– Leve equipamento de proteção. Podem ser: capacetes (capacete de ciclista é uma opção acessível), máscaras com purificador de ar, respiradores de fuga e/ou coletes a prova de balas com placas de proteção extra. Escolha de acordo com as armas usadas pela polícia local para controlar a multidão.
– No caso de gás lacrimogênio, use uma máscara com purificador ou um respirador de fuga (se disponíveis) para proteger seus olhos e pulmões. Se você planeja levar esse equipamento, certifique-se de que você tem a versão/filtro apropriados para gases, não apenas para partículas.
– Se você não tem acesso a estes equipamentos, a melhor alternativa são máscaras com purificadores e respiradores de meia-face ou descartáveis, que são mais baratos.
– Se você não tem acesso a nenhuma das opções anteriores, use um pano seco sobre a boca para tentar proteger seus pulmões e saia de perto o quanto antes. Considere usar óculos de proteção. Mulheres: considerem não usar maquiagem, pois o gás adere a ela.
– Se você não tiver um pano seco ao alcance, puxe sua blusa para cobrir o nariz e a boca e assim proteger o fluxo de ar. O ar no lado de fora da blusa provavelmente estará contaminado pelo gás.
– Procure não usar lentes de contato, já que o gás lacrimogênio entra por baixo delas.
– Use calçados confortáveis, com os quais você possa correr.
– Use tecidos naturais, pois são menos inflamáveis que os sintéticos.
– Prepare uma mochila com suprimentos suficientes para um dia: capa de chuva leve, alimentos leves e água, baterias de reserva para equipamentos eletrônicos, equipamento de proteção.
– Não coloque bolsas ao redor do pescoço nem leve nada que não possa carregar com você.
– Use um porta-documentos amarrado ao corpo sob a roupa para mantê-las com você. Também pode ser uma tornozeleira que comporte dinheiro, celular extra, cartões extras e bateria. Mulheres: o sutiã pode ser uma alternativa.
– Leve um kit de primeiros-socorros e esteja apto a usá-lo.
– Carregue uma cópia de sua credencial ou identificação de profissional da imprensa e os números de telefone de seu editor e de seu advogado (ou do advogado da empresa). Certifique-se de que seu editor saberá quem (família, amigos) e como contatar no caso de você ser preso ou ferido.
– Configure um número de emergência para discagem rápida em seu celular.
– Se possível, estude o mapa da área antes de ir a campo. Considere filmar o local previamente a partir de lugares altos.
– Faça um exercício mental de “e se?” – e planeje o que você pode fazer em cada situação imaginada. Não saia a esmo, sem qualquer planejamento.
– Combine um ponto de encontro com sua equipe, caso vocês se percam, e um lugar seguro para onde ir caso a situação fique muito perigosa.
2. Em campo
– Tente não ir sozinho. Se puder, leve alguém para vigiar a retaguarda enquanto você fotografa.
– Assim que chegar, procure por rotas de fuga e certifique-se de que saberá para onde ir se perder a orientação.
– Tente permanecer às margens da multidão e não fique entre policiais e manifestantes.
– Mova-se vagarosamente em meio às multidões e siga o fluxo se possível. Mantenha uma postura firme e use as mãos para abrir caminho, como se estivesse nadando em meio às pessoas.
– Multidões têm vida própria. Esteja sempre atento ao humor e à atitude geral.
– Avise seus editores se o humor começar a mudar e comece a pensar em um plano.
– Se planejar mudar de direção, verifique a situação de lá com pessoas que estejam vindo de onde você pretende ir.
– Equipes de TV devem carregar o mínimo de equipamentos possível. Ao identificar possibilidade de agressão, certifique-se de que sua mochila é grande o suficiente para colocar o tripé e guarde-o. Esteja preparado para deixá-lo para trás se precisar fugir.
– Carregue sua mochila à sua frente, assim você pode vê-la o tempo todo.
3. Quando os ânimos se exaltam
– Evite cavalos. Eles mordem e, obviamente, dão coices.
– Evite ficar na linha de tiro de canhões de água, pois podem danificar seu equipamento. E muitas vezes têm corantes, para que as forças de segurança identifiquem os manifestantes depois.
– Fique contra o vento em situações de gás lacrimogênio e mantenha-se o mais abaixado que puder, para ficar abaixo da névoa do gás, que tende a subir. Assim que a área estiver limpa, ou você tiver mudado de lugar, procure ficar parado por um tempo com as pernas afastadas, os braços abertos e o rosto voltado para o vento até que os efeitos do gás passem. Isso permitirá que o vento sopre o gás das roupas e garante que você receba bastante ar fresco.
– Não use vinagre. Não funciona. Use água.
– Lave suas roupas o quanto antes puder, ou o gás ficará nelas por muitos meses. Isso também vale para capas de microfones e fones de ouvido.
– Se a polícia te prender, tente pedir para eles ligarem para sua chefia, se você tiver o número. Tente falar com um oficial superior, pois isto terá mais impacto.
– Ligue para seu editor, cheque se a empresa disponibiliza serviço jurídico.
– Evite situações de violência, se você puder, e afaste-se para filmar, se necessário
– Fique de olho nas movimentações da polícia. Veja qual é o calibre/alcance das armas à distância para antever o próximo nível que o embate com os manifestantes atingirá.
– Cuidado com táticas como o “encurralamento” – a polícia direciona a multidão para um local restrito que não permite a dispersão. Cuidado para não ser pego no meio.
– Observe as ruas do entorno. Os policiais geralmente vão se reunindo por ali; tente perceber para onde estão indo.