Fisital
No passado, muitos diziam que a loja física perderia força e atratividade em relação ao varejo virtual, mas ao contrário disso ela está, mais do que nunca, viva e inteligente, usando e abusando das novas ferramentas tecnológicas. O tão falado Beacon, recurso para identificar o cliente, Big Date para acessar o histórico de compras realizadas e customizar a oferta em tempo real, curadoria na definição do mix, impressoras 3D propiciando co-criação e customização de produtos, se tornaram grandes aliados no intuito de oferecer ao cliente novas experiências de compra. Definitivamente, acontece a fusão entre o mundo físico e o digital, criando o chamado “FISITAL”.
Neste novo mundo, o desafio vai além de vender para o cliente. O objetivo é oferecer a mesma experiência em todos os pontos de contato para encantar o consumidor e construir relacionamento com a marca.
Construa sua estratégia em torno da fusão físico-digital. Pode ser seu novo diferencial competitivo.
Alguns dos mais proeminentes especialistas em estratégias do mundo declararam a morte da vantagem competitiva sustentável. Eles explicam que atualmente a tecnologia avança tão rapidamente e as vantagens são copiadas numa tal velocidade que as empresas precisam aprender a saltar continuamente de uma onda de oportunidades para a próxima — mesmo que cada nova onda seja provavelmente menor, mais concorrida e menos conectada com a anterior. O problema com essa abordagem é que a empresa pode acabar jogando fora vantagens importantes enquanto esbanja recursos em iniciativas de risco sem diferencial competitivo ou direito de vencer. Para superar as dificuldades, ou você precisa ter muita sorte ou encontrar alguma vantagem que seu negócio possa fornecer para a nova empreitada e vice-versa. Essas vantagens podem incluir insights das informações dos clientes,capacidades especiais e formas de capitalizar sobre as vulnerabilidades da concorrência.
Fusão fisital pode alavancar o potencial de uma empresa para fornecer exatamente essa
margem. Veja o caso do Banco da Comunidade das Nações (CBA, na sigla em inglês), na Austrália, fundado em 1911 e que atualmente opera com 52 mil funcionários em doze países. Quando Ralph Norris foi nomeado CEO, em 2005, o CBA tinha o pior ranking de satisfação do cliente entre bancos de varejo e estava perdendo participação de mercado em várias áreas importantes. Como outros grandes bancos, ele tentou reduzir custos, mas era assustador o fato de que a internet talvez tornasse obsoletas as agências bancárias. Por isso elas foram reduzidas de 1.756 em 1993 para 1.006 em 2005. O fechamento não só permitiu que os bancos online conquistassem espaço, mas também encorajou a entrada e expansão de novos competidores que operavam com agências, incluindo os investimentos da Aussie Home Loans (AHL), a maior organização financeira do mercado imobiliário e de outras empresas de crédito não bancários. Esses rivais agressivos absorveram muitos executivos, analistas de crédito e clientes das antigas agências do CBA.
Acrescente conexões e reforce as ligações na experiência do cliente.
Acredita-se que Thomas Edison tenha inventado a lâmpada incandescente, mas o filamento de carbono, na verdade, foi só uma melhoria de modelos já existentes. A contribuição real de Edison foi criar um sistema de geração e distribuição de energia elétrica que permitia o funcionamento das lâmpadas. Ele calculou cada elemento do sistema, instalou uma espécie de “fábrica de ideias” para desenvolver inovações para cada elemento e comercializou um após o outro. Os resultados transformaram o mundo.
As inovações físico-digitais são similares. Elas não mudam apenas os produtos e serviços de empresas como a CBA. Elas permitem que as empresas identifiquem instrumentos que reforcem o negócio central e criem novos fluxos de receita. Como Edison, uma companhia fisital inteligente pensa sistematicamente em cada item da experiência do cliente. Ela desenvolve componentes inovadores e os envolve num sistema holístico que aumenta vantagens competitivas e acelera o crescimento.
Transforme sua forma de abordar a inovação.
Quando empresas tradicionais incluem aspectos digitais nos programas de inovação, sua abordagem geralmente se torna uma cascata. Profissionais de marketing e designers de produtos produzem ideias em profusão, constroem protótipos e depois os lançam na correnteza para TI, com instruções para desenvolver características digitais específicas. “Estamos lançando um novo produto e uma campanha publicitária. Queremos o aplicativo para dispositivos móveis para ajudar a produzir mensagens publicitárias, cupons e facilitar o envio de e-mails quando os clientes têm dúvidas sobre assistência.” O CEO avisa que tudo precisa estar pronto em quatro semanas.
Separação organizacional é somente um passo intermediário.
A opção pela revolução digital e transformação fisital tem implicações radicais no modelo operacional e no projeto organizacional de uma empresa. Mas essas implicações podem não ser percebidas no início, porque todos os casos inovadores bem sucedidos, normalmente começam separando itens da revolução, da atividade básica do negócio. A separação permite que essas empresas atraiam talentos e programadores inovadores que se encontrem em São Francisco, Cambridge, Tel Aviv, Hiderabade ou em qualquer outra parte do mundo.
Forme uma equipe de liderança físico-digital inteligente e inclua o CEO.
Para que tecnologias digitais suplantem o negócio central, a tarefa básica do CEO é de mudar o mix de negócios, e não as capacidades essenciais das pessoas envolvidas. Esse tipo de evolução corporativa é muito semelhante à evolução biológica: organismos isolados não mudam, mas a população evolui à medida que espécies superiores destroem as menos adaptáveis. O CEO encoraja o comércio físico para manter o bom combate e canalizar fundos para as novas iniciativas nas quais estão depositadas as esperanças da companhia.